domingo, 10 de outubro de 2010

Gramática na escola??

A arte de dominar e de fazer com a linguagem o que vier na mente, o que der vontade. Paulo Leminski é um desses caras que dá gosto de ler:

O assassino era o escriba 
 
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjunção.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Paulo Leminski 


sábado, 9 de outubro de 2010

Verissimo. Uma boa forma de começar!

Compartilhando a crônica: O gigolô das palavras de Luís Fernando Veríssimo. Vale a leitura.

O gigolô das palavras 



Luís Fernando Veríssimo

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da revisão! Culpa da revisão !"). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.
Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.
Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa ! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Práticas Educativas

O texto em questão faz saber que o objetivo de qualquer bom profissional consiste em buscar sempre possibilidades de melhorar, de se tornar cada vez mais competente em suas funções de trabalho. Com um professor isso não funciona de forma diferente. Sabemos das limitações encontradas na prática educacional, e por este motivo há uma busca incessante por subsídios para melhorá-la. Não basta apenas se ancorar no conhecimento e na experiência, o professor tem que dispor e utilizar de referências que ajudem a interpretar o que acontece em sala de aula. A atitude profissional deve ser baseada no pensamento prático, com uma capacidade reflexiva, deve-se refletir a prática, o que se faz em sala de aula deve ser planejado, refletido. Não existem fórmulas prontas, sabemos dos diversos problemas encontrados, mas precisamos encontrar soluções.

AS VARIÁVEIS QUE CONFIGURAM A PRÁTICA EDUCATIVA

O que acontece na sala de aula só pode ser examinado na própria interação de todos os elementos que nela são encontrados. A intervenção pedagógica tem um antes e um depois, sendo assim o planejamento e a avaliação são partes integrais do processo que constitui o exercício educativo,partindo do preceito da prática educativa como um processo, temos então as partes constituintes: o planejamento, a aplicação e a avaliação. Assim a unidade de análise que delimita este processo é chamada de seqüências de atividades ou seqüências didáticas, na verdade ela detém o processo de forma global.

AS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS E AS DEMAIS VARIEDADES METODOLÓGICAS

A ordenação articulada das atividades é o elemento diferenciador. As sequências didáticas dizem respeito a atividades ordenadas, estruturadas e articuladas que possuem objetivos educacionais, com um princípio e um fim que devem ser conhecidos tanto pelo professor como pelo aluno. Não é apenas expor conteúdo, e desempenhar atividades sem uma finalidade. Se o aluno tem que aprender a aprender, os professores tem que desenvolver técnicas que incentivem o aluno a ampliar essa capacidade. Para tal fim, surge um modelo teórico que nos leva a refletir sobre a prática:

Ø      A sequência de atividade ou sequência didática: diz respeito à maneira de articular diferentes atividades com um propósito dentro do meio didático. Indica a finalidade de casa atividade desenvolvida.
Ø      O papel dos professores e dos alunos: criação de um clima de convivência que esteja de acordo com as necessidades de aprendizagem.
Ø      Organização social da aula: a forma de estruturar os diferentes alunos e a dinâmica grupal, ou seja, onde os grandes grupos ou os grupos fixos e variáveis permitam e contribuam com o trabalho coletivo e pessoal.
Ø      Utilização dos espaços e do tempo: a concretização das diferentes formas de ensinar no espaço do ensino.
Ø      Organização dos conteúdos: Diz respeito à relação e a forma de veicular os diferentes conteúdos de aprendizagem que formam as unidades didáticas, de acordo com as possibilidades de ensino/aprendiazem.
Ø      Materiais curriculares: o papel e a importância que possuem nas diferentes formas de intervenção, os instrumentos para a comunicação da informação, para a ajuda nas exposições, enfim...
Ø      O sentido e o papel da avaliação: entendida tanto no sentido restrito de controle de resultados, como no sentido de uma concepção global do processo de ensino/aprendizagem, o processo de ensino constitui se torna uma avaliação. A avaliação sempre incide sobre as aprendizagens.

O texto nos expõe alguns moldes sobre como funciona, ou como deve funcionar a prática educativa. São exposições que servem para reflexão, afinal qual é a finalidade de ensinar? Quais são nossas intenções educacionais enquanto docentes?
Não existem fórmulas prontas, por isso a reflexão se torna importante, porque cada aluno é único, cada organização de espaço escolar é única, o processo da prática educativa deve ser pensado em cada situação de ensino encontrada. Os aportes teóricos se tornam importantes, assim como modelos teóricos de reflexão da prática, uma vez que ajudam a interpretar o que acontece em sala de aula, possibilitando a descoberta de como melhorar e como revigorar o ensino.


Pilares da Educação

Enfim, depois de pensar as atitudes dos queridos já não tão amados "mestres", passamos a refletir sobre os tão sonhados "pilares da educação", os pilares do conhecimento e da aprendizagem que ficam a cargo da escola e do professor (sim, aquele mesmo já não tão valorizado e um tanto despreparado para o "novo mundo") A educação, segundo Jacques Delors, "deve transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das competências do futuro." à educação cabe a preparação do sujeito para o mundo. Mas então, quais são esses tão miraculosos pilares?

Os Quatro Pilares:
1º Aprender a conhecer;
2º Aprender a fazer;
3º Aprender a viver juntos;
4º Aprender a ser.

Vamos pensar um pouco em cada pilar desse conforme os dizeres do autor:

Aprender a conhecer: o indivíduo precisa ser capaz de dominar os instrumentos do conhecimento, que é meio e finalidade da vida humana, precisa dominar uma cultura geral e desenvolver habilidades em diversas áreas para que seja bem sucedido profissional e pessoalmente. O sujeito tem a necessida de aprender a aprender, desenvolver a memória, a atenção e as reflexões críticas para o enfrentamento com o mundo e com a sociedade que o constrói socialmente.

Aprender a fazer: esse pilar está ligado à formação profissional e à prática dos conhecimentos conquistados durante toda a vida. O sujeito deve estar preparado para desenvolver seus conhecimentos de forma crítica e inovadora, sendo um "multifunção" bem qualificado, o que implica ter inciativa, comunicar-se bem, ter raciocínio lógico e eficaz, ser capaz de trabalhar em equipe e resolver conflitos.

Aprender a viver juntos: o grande desafio da educação, uma vez que o individualismo está cada vez mais em foco na sociedade. A educação tem, portanto, um papel de auxiliar o sujeito a perceber o outro e a conviver e entender as diferenças. O que de fato ando bem complicado...

Aprender a ser: "a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa: espírito e corpo, inteligência e sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade (?)". A educação deve auxiliar nesse "tornar-se cidadão"

Dá o que pensar...

Novas Atitudes Docentes (?)

Profissão Professor? Ainda é moda isso? Não sei, mas que a educação é base fundamental para uma sociedade "desenvolvida" e consciente de seus direitos e deveres, isso eu sei, ou pelo menos acho que sei. Tudo muda tão rápido nesse mundo mundo pós-moderno (?), capitalista e tecnologicamente avançado (sim, a tecnologia é inerente a esse "novo mundo", não há como desconsiderar). Mas a questão desse post, não é necessariamente essa, tendo em vista a temática do texto: " Profissão Professor ou Adeus Professor, Adeus Professora?- Exigências  educacionais contemporâneas e novas atitudes DOCENTES" do professor José Carlos Libâneo, doutor em Filosofia e História da Educação pela PUC de S. Paulo. O professor Dr Libâneo discute em seu texto as questões  da profissão, da escolarização, da escola ressignificada e das "novas" atitudes esperadas dos professores e necessárias para o frenesi desse novo e tecnológico mundo.

As Novas Atitudes:

1. Assumir o ensino como mediação: aprendizagem ativa do aluno com a ajuda pedagógica do professor;

2.Modificar a ideia de uma escola e de uma prática pluridisciplinares para uma escola e uma prática interdisciplinar;

3. Assumir o trabalho de sala de aula como um processo comunicacional e desenvolver capacidade comunicativa;

4.  Persistir no empenho de auxiliar os alunos a buscarem uma perspectiva crítica dos conteúdos, a se habituarem a apreender as enfocadas nos conteúdos escolares crítico-reflexiva.
5.    Assumir o trabalho de sala de aula como um processo comunicacional e desenvolver capacidade comunicativa.
6. Reconhecer o impacto das novas tecnologias da comunicação e informação na sala de aula (televisão, vídeo, games, computador, internet, CD-ROM etc.).
7.    Atender à diversidade cultural e respeitar as diferenças no contexto da escola e da sala de aula. 
8.    Investir na atualização científica, técnica e cultural, como ingredientes do processo de formação continuada.
9.    Integrar no exercício da docência a dimensão afetiva.
10.    Desenvolver comportamento ético e saber orientar os alunos em valores e atitudes em relação à vida, ao ambiente, às relações humanas, a si próprios.
Por fim, pensando no que foi feito em aula, devíamos construir enunciados que completassem a frase: O professor deve ser capaz de...
 E a partir da cada atitude, dizer do que o professor deve ser capaz. No nosso caso "o professor deve ser capaz de articular a realidade local com uma noção mais globalizante dos conhecimentos, tendo em vista a construção coletiva dos saberes através da interação entre as diversas áreas-interdisciplinaridade, superando a fragmentação dos conteúdos e do próprio indivíduo enquanto ser social historicamente situado."
 Enfim, para um novo mundo, uma escola revista e professores "antenados", dialógicos e hibridizantes.